Análise Da Música Hello De Adele

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O  Retorno

Adele voltou depois de um considerável tempo sem gravar e não decepcionou. O single “Hello” caiu como uma luva no coração dos fãs que estavam sedentos por ouvir a voz carregada de emoção da cantora. Nesse vídeo a cantora esbanja graça e nos brinda com momentos de uma sutileza melancólica contrabalançada com êxtases vocais extremamente bem colocados e que lhe caracterizaram tanto nos sucessos anteriores. O piano no início explora as notas graves e médio-graves caracterizando o caráter introvertido e de arrependimento que traz a letra, aliás, uma letra ambígua que ao mesmo tempo que explicita uma ideia de retorno, já se conforma com a impossibilidade da volta do romance antigo. Na verdade, parece mais uma vontade de expressar a lembrança do quanto a relação havia sido boa e ela não tinha percebido.

Ela voltou para lembrar o romance passado. Telefona mas não é atendida.

Tendência Sombria E Regressiva

A casa antiga, o visual retrô, a imagem de filme antigo não é uma novidade na concepção visual, já foi explorado no clipe de “Someone Like You” e de “Rolling in the Deep”. Não sei se é da cantora ou de seus produtores, mas parece haver uma necessidade de se enfatizar a mescla de realidade e de ilusão, de prazer e de desgosto, da luz da paixão com a natureza sombria que envolve as relações. A predominância dos tons preto e branco deixa claro a dualidade que envolve as paixões.

Quando ela retira os panos empoeirados que envolviam os móveis é como se ela houvesse aberto um portal que ativou as egrégoras das situações que foram vividas ali naquela casa.

O abrir dos olhos junto com o primeiro acorde do piano parece se referir ao momento quando a alma se liberta do presente a fim de viajar no tempo e voltar ao passado para investigar os bons momentos que sobraram do relacionamento de outrora. O audiovisual abusa do caráter regressivo da canção. A chama do fogão, o vapor da chaleira, o chá, um costume tipicamente inglês, mas que certamente não está presente como um mero costume, parece se referir à natureza alquímica das paixões. O fogo gera calor, como o das paixões, aquece a chaleira e faz a água, símbolo das mudanças e transformações constantes – das emoções, evaporar assim como a natureza de muitas relações amorosas.

À medida que ela explora a casa, as lembranças vão tomando conta e a vontade de retomar a relação passada vai tomando força. Ela telefona novamente e então se contenta em falar sozinha ao telefone, como se acreditasse que ele de alguma maneira pudesse ouvi-la. A imagem da cabine de telefone emaranhada pelas plantas, o telefone fora do gancho, denotam a impossibilidade de retomar o que já passou.

A imagem do ex-amante é somente um holograma mental que ora aparece, ora some para lhe atormentar.

A cantora sentada ao pé da escada reflete a descida as profundezas da alma e o confronto com os traumas que foram gerados pelo romance.

O choro, a chuva, as emoções do momento, a transformação. Ela vasculha os arredores da casa, mas não adianta, são só lembranças. Sente-se aprisionada por não ter o poder de modificar a situação, então vem o vento e carrega todas as lembranças e traz a sua alma de volta. De certa forma a volta ao local onde tudo aconteceu lhe trouxe a libertação e a ressignificação do momento. Foi um local de grandes momentos e de grande transformação.

Explorando A Dinâmica E As Vozes

A bateria abafada que permeia toda a música tenta criar um clima de obscuridade, talvez querendo, analogicamente, se referir à obscuridade das coisas do coração.

O refrão como se fosse um grito onde a bateria fica mais visível e com uma pulsação mais constante se liga perfeitamente ao caráter emocional do refrão. Os backings em repetição quase que constante no refrão soam como se fossem ecos em meio a um labirinto de montanhas imensas, são somente ecos, denotando que ela pode falar o quanto quiser que o seu receptor nunca receberá a mensagem.

A música termina melancólica como começou com os acordes médio graves do piano, mas agora parece que o pedal de sustain é mantido apertado fazendo com que os acordes se misturem e criando uma sensação de caos até que soe o último acorde totalmente perfeito e limpo.

Gostou? Aguarde novidades.

Fonte do vídeo: AdeleVEVO

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