Coldplay – Explosão de Sensações

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Uma grande e talentosa amiga minha me mostrou um post do Instagram que analisava algumas matérias de tablóides sobre o fenômeno Coldplay e me perguntou o que eu achava.

Nesse post era comentado sobre como essa banda tem criado experiências de engajamento cada vez mais poderosas.

Pra responder essa questão eu desenvolvi este artigo em 4 tópicos, e já vou avisando que vou falar de forma técnica e não adianta virem me xingar aqui se não gostarem de alguma coisa. Vou me basear em fatos e evidências.

Quero deixar claro que o som do Coldplay é um som que me agrada, mas, vou analisar de forma imparcial.

Em primeiro lugar analisando de um ponto de vista musical, musicoterapêutico e neurocientífico, o som da banda segue uma tendência que já existia em bandas como U2 e outras bandas britânicas e australianas.

Letras envolventes com temas sociais ou emocionais, com sequências de acordes repetitivos, ritmo moderado, melodias suspensas e muita correlação imagética e visual nos shows. Dessa forma da pra imaginar a explosão de sensações que podem ser geradas pela experiência musical criada pelo Coldplay.

A música tem o poder de criar sincronização com os ritmos biológicas e mentais, podendo inclusive gerar experiências catárticas e místicas. Isso já é bem conhecido por meio de estudos científicos e na experiência clínica. E o Coldplay, não sei se consciente ou incosncientemente, gera isso nas pessoas.

Em segundo lugar poderíamos dizer que os shows da banda são experiências religiosas?

Contém muitos elementos em comum: O ídolo/herói/semideus, os discursos motivacionais de fé e esperança, críticas sociais e comportamentais, fortes apelos emocionais. Os adoradores, fãs aficcionados que estão dispostos a qualquer coisa pela banda e que se tornam criadores de comunidades e defensores dos componentes e ideologias da banda, etc.

O fato de levar as pessoas a experiências catárticas e místicas que ativam o sistema nervoso autônomo, podendo estimular uma gama enorme de sensações também faz parte. Pela própria natureza da banda em relacionar questões tristes e sofrimentos da experiência humana, com mensagens positivas e motivacionais em seus shows.

Vale aqui um adendo em dizer que sim o movimento chamado de Worship, no meio religioso, nasceu bebendo das influências de U2 e Coldplay dentre outros. Haja vista que o próprio U2 é uma influencia para o Coldplay e sempre teve uma ligação com questões parecidas.

Como eu sou cristão e atuo na música cristã, outra pergunta que sempre me fazem é se o worship realmente tem o foco em Deus. Bem, tenha em mente o seguinte, este estilo que se consagrou com a igreja Hillsong, tem muito apelo emocional, as letras são curtas, com muita repetição e conteúdo mântrico, ao ponto de poder gerar experiências catárticas de prazer emocional.

Notaram como é parecido com o som do Coldplay?

Nesse sentido, apesar de às vezes Deus ou Jesus serem citados o foco da experiência é a exploração de vibrações que geram um bem estar, já que a repetição de acordes, repetição da letra, repetição melódica acentuada, velocidade da música e junção audiovisual tendem a gerar estados alterados de consciência similares a hipnose, ou seja, embora não seja admitido, o foco é a busca de uma explosão de sensações.

De qualquer forma, ainda assim, eu vejo como uma experiência positiva desde que o objetivo seja o bem estar, contudo, e teologicamente falando, em um culto realmente cristão, o objetivo não é estimulação emocional e sim intelectual e contemplativa no sentido de absorver um ensinamento, contemplar as virtudes de Deus e gerar transformação comportamental.

Outra comparação que fizeram foi que o Coldplay é uma banda do bem e que isso demonstra que, dá para ser do bem sem passar pela experiência religiosa, mas, o problema é que definir o que é Bem e mal é complexo e passa por discussões que fojem ao escopo desta conversa. Os tablóides e marketeiros é que discutem essas questões de forma simplista.

Além do mais, o Coldplay é vista como uma banda do “bem” para nós ocidentais, mas, não para muitos nações que também fazem parte do globo mas, o importante é que eles, realmente, parecem se importar com o próximo e no final das contas é isso que importa.

Em terceiro lugar a banda com certeza tem fortes convicções pessoais e são unidos nisso, pois demonstram isso pelo envolvimento em causas sociais, e tem grande preocupação com o bem estar de outras pessoas.

Digamos assim, a banda está empenhada em trazer mensagens melhores para um mundo em constante ebulição, onde disputas territoriais, intolerância racial e religiosa e preconceitos de todas as formas continuam a acontecer.

E em quarto e último lugar, não podemos esquecer que acima de tudo o Coldplay é uma empresa, que exerce seu poder de influência seja em causas sociais, comerciais e políticas . E, como toda a empresa, tem um grande sistema de gestão administrativo envolvido, que culmina numa vencedora estratégia de publicidade e marketing.

Até mesmo as saídas do vocalista são, em grande parte, planejadas pela equipe de marketing. Técnicas de neuromarketing são insistentementes aplicadas para a consolidação da marca “Coldplay”.

Recursos de persuasão como, pertencimento, reciprocidade, simbologias de ativação mental são usadas extensivamente como em qualquer grande empresa.

No caso deles a estratégia é transformar o show em uma grande experiência de liberação emocional, cheia de fantasia e compartilhamento, onde Chris Martin incorpora muito bem o arquétipo do cara comum, mas, que tem como objetivo pricipal torná-los uma grande máquina de entretenimento, e que não há nenhum problema nisso, já que as pessoas pagam para terem essa experiência.

Fonte da imagem da capa: https://planetradio.co.uk/

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